Fui 3 vezes a Paris. A última visita durou quase 6 meses. Nunca vivi um grande amor na capital francesa e não acho que a cidade seja tão romântica como se vê nos filmes. Não gosto do tempo cinzento, nem do frio e da chuva, nem da burocracia, nem do preço do café, das casas e das chamadas telefónicas, nem da língua e nem dos (muitos) franceses antipáticos, arrogantes e pouco amigos de tomar banho. (Salvem-se algumas boas excepções.)
Mas gosto muito de croissants, de polícias em patins, de ruas largas e de transportes que realmente funcionam. Gosto dos protestos contra o abuso de publicidade no Metro e de comprar o Expresso à 2ª-feira no quiosque da Place Charles de Gaulle. Gosto de ver o trânsito caótico na rotunda do Arc du Triomphe. Gosto do Marais, de Montmartre, do Pigalle, do Quartier Latin e do Montorgueil, de passear nos Champs Elysées, de sair à noite na Rue Oberkampf e na Bastille e de ir a festas bas-fond. Adoro o Palais de Tokyo, a Opéra, o restaurante Le Tambour, o bar La Vierge, a sala do Crazy Horse, a discoteca Rex e a outra ao lado que é lésbica e não me lembro do nome, mas à 5ª-feira abre a toda a gente e faz festas electro-punk fabulosas. Gosto de subir à Torre Eiffel e ver o Trocadéro e ao fundo La Défense. Gosto do Palais d'Orsay, da Saint Chapelle, de ver os bateaux-mouche cheios de turistas e de ir aos cemitérios de Père-Lachaise e Montparnasse ver o Oscar Wilde, a Maria Callas ou o Serge Gainsbourg. Gosto de treinar o meu francês nos cursos interactivos do Georges Pompidou e de fazer pic-nics nos inúmeros parques parisienses. Gosto dos taxistas franceses que topam à primeira o meu sotaque português, mas que se recusam a levar passageiros no banco da frente. E adoro ouvir as porteiras portuguesas a falar com a devida mistura de palavras em francês. Gosto da Rive Gauche e também da Rive Droite e dos alfarrabistas nas pontes do Sena.
Só estas razões já seriam bastantes para querer voltar a Paris, 3 anos depois. Mas ainda há mais. Há amigos alemães, franceses, italianos, portugueses, neo-zelandeses, brasileiros, palestinianos... E há a obrigação de, finalmente, ser uma turista a sério e entrar no Louvre, na Maison Européenne de la Photographie e subir à Notre Dame.
E passar um dia inteirinho na exposição do David Lynch, "The air is on Fire", na Fondation Cartier.
Friday, April 13, 2007
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment