Este cromo só conheci de vista e mal me lembro dele, até porque já morreu - R.I.P.! Mas lá na terrinha do interior onde nasci e cresci (pouco, é certo) até aos 18, havia um senhor que era o Cristiano e que vendia cautelas da lotaria. A vida do homem era sempre a mesma. Todos os dias andava para baixo e para cima na pequena cidade, passando nas lojas e nos cafés, gritando o seu pregão, que até nem era mau de todo: "Há dias de sorte!"
Claro que toda a gente acabava por se fartar de o ouvir a gritar incessantemente "Há dias de sorte!" - até porque a lotaria nunca saiu a ninguém por aqueles lados. Mas um dia o pregão dele mudou. Foi apenas por alguns segundos, mas fez vibrar todos os que assistiram ao insólito momento. O Sr. Cristiano entra num café "duplex", ou seja, numa tasca que tinha uma escadaria para um andar superior, a repetir o seu "Há dias de sorte!". Sobe a escada a dizer "Há dias de sorte!", dá a voltinha pelas mesas dos clientes (talvez sem sorte nenhuma e sem vender cautelas), começa a descer as escadas do café... "Há dias de sorte!"... e tropeça num dos primeiros degraus... Suspense em todo o café e eis que o Sr. Cristiano se rebola, juntamente com todas as cautelas, pelas escadas abaixo, e se estatela junto ao balcão do café. Antes que alguém tivesse tempo para dizer ou fazer alguma coisa, o Sr. Cristiano levanta-se mais rápido que uma flecha e, como se já tivesse a resposta pronta na ponta da língua, diz: "Há dias do caralho!"
Monday, November 27, 2006
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